sábado, 13 de novembro de 2010

Cronicast no Rockambolecast

Dhouglas Castro, do Cronicast, fez uma breve participação no episódio 01 Rockambolecast, que trata sobre o universo do rock (nesse episódio, o  tema é "festivais") e comenta sobre o Pampa Stock, evento que ocorrerá em São Borja em novembro.

E adivinha como foi a participação do Cronicast? Preparamos, para o Rockambolecast, uma crônica, nos moldes do nosso quadro "Crônica Falada".

Para conferir a parceria, clique aqui.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Cronicast - Episódio 02

No ar, o segundo episódio do podcast abençoado pelo deus Chronos!

Dessa vez, entrevistamos Carlos Heitor Cony, premiado romancista, cronista e escritor que fala sobre a relação entre conto, literatura e crônica. Trazendo uma interessante visão sobre o assunto, a entrevista de Cony norteou nossa conversa.

Cony fala, também, sobre seu trabalho na Folha de São Paulo e sobre a produção de textos na época da ditadura militar.

No "Crônica Falada", quadro com textos de nossa autoria, temos duas novas crônicas, em que exploramos acontecimentos banais para trazer uma narrativa cômica - desde uma análise sobre como temperar comida a uma divagação sobre a fila do supermercado.

Na locução, Franciele, Nathalia e Vanderson, que comentam sobre as abordagens de Cony e falam sobre as diferentes tipologias da crônica.

É só apertar o play. Bom programa! Para baixar o episódio, clique aqui.


domingo, 24 de outubro de 2010

Entrevista completa - Juremir Machado da Silva

Cronista no jornal correio do povo, jornalista, professor e escritor, Juremir Machado da Silva é dotado de um estilo peculiar e irônico. Em entrevista concedida ao Cronicast, Juremir expõe suas concepções sobre a crônica e comenta sobre seu universo próprio.

Cronicast: De que maneira tu achas que a crônica pode refletir como documento histórico e servir como registro social?

Juremir: Acho que as crônicas são, como tudo, retratos de uma determinada época. Quando lemos, por exemplo, as crônicas do Machado de Assis ou do Nelson Rodrigues, vemos a época em que eles escreveram. É também uma maneira de compreender um tempo; de saber aquilo que era relevante ou não naquele tempo. De certa maneira, a crônica fala das coisas mais simples, aparentemente passageiras ou irrelevantes, mas que são diferentes em cada época e que, no fundo, são importantes por outra razão – são aquilo que serve de “cimento social” no cotidiano, para que as pessoas conversem, se sintam juntas, se sintam ligadas. A crônica é, também, o assunto do dia-a-dia, então é um documento que nos permite perceber o que era assunto no dia-a-dia de cada época.


Cronicast: No seu folhetim “O Serial Killer de Palomas”, tu fazes alusões a coisas que estão acontecendo na realidade e, a partir disso, criticas a sociedade. Como tu vês a função social do cronista?

Juremir: Acho que o papel do jornalista, cronista, escritor, como eu, é falar da sociedade, questionar, criticar, interpretar... Dar opiniões. E mesmo quando faço ficção - que foi o caso do folhetim - a ficção precisa estar enganchada na realidade, caso contrário as pessoas não se interessam muito. Gosto muito do que se chama de “romance de não-ficção”. Pois sei que os leitores também gostam de falar da realidade, mas de mesclar com ficção, com exagero, com parábolas; de estar caminhando na realidade e, daqui a pouco, dobrar a esquina e sair na irrealidade, e depois voltar. Ficar misturando. Gosto dessa ideia de pegar fatos muito reais e tratá-los de maneira aparentemente fictícia, como eu faço com Palomas. Palomas é um microcosmo do Brasil, é uma síntese do Brasil, então coloco lá coisas absurdas, para que a gente pense nessas coisas que são um pouco do Brasil, que são um pouco da realidade. Mas que ganham outra feição nesse espaço ficcional. Meio ficcional, meio realidade.


Cronicast: A ironia é um elemento bastante presente nas tuas crônicas. Como tu achas que a ironia contribui para tornar um texto mais interessante?

Juremir: Pra mim, ela é o determinante, é o que me move. Eu gosto mesmo é da ironia. Até fico muito surpreso quando dizem que sou mal humorado, rabugento ou sério demais, porque meus textos, no fundo, são textos de humor. Mas não de humor como se pensa a palavra, mas, vamos falar dessa expressão inusual, humor irônico. Meus textos buscam falar da sociedade com um olhar que a atravesse, tentando revelar o absurdo, o ridículo, o patético e o engraçado. São textos irônicos. Acho que apenas criticar frontalmente não produz efeito às pessoas. Mesmo sabendo que é pertinente elas cansam daquilo. A ironia é, então, uma forma, um instrumento, um mecanismo para mexer com a sensibilidade das pessoas e revelar o grotesco da exstência.


Cronicast: Tu acreditas que há assuntos que só podem ser abordados usando a ironia?

Juremir: Um assunto pode ser abordado de muitas maneiras. Depende muito de cada um. Eu acho que é mais eficaz, mais interessante e mais divertido, para quem lê e para quem escreve, no meu caso, usar a ironia. Mas nem sempre a uso, diria que uso a ironia “noventa por cento do tempo”. Mas alguns assuntos não são tratados com ironia. Abordo, de vez em quando, temas nostálgicos... E às vezes o assunto é sério mesmo, é pura análise, opinião; como um artigo. Mas o que eu gosto, prefiro, e acho realmente mobilizador é o uso da ironia para fazer vir à tona aquilo que está encoberto. Sempre digo isso, meu trabalho é um trabalho de desconstrução, ou de “desencobrimento”. Tirar o véu para fazer vir à tona aquilo que está encoberto diante de nós. E a ironia é um poderoso mecanismo de desocultamento. Ela faz saltar aquilo que está diante de nós, mas que não vemos porque está encoberto.


Cronicast: Alguns críticos te consideram polemista, tu achas que as tuas crônicas possuem um caráter polêmico?

Juremir: Sim, claro. Mas quem me critica por ser polemista na verdade me elogia, ou então apenas constata. Porque é isso mesmo. Acabo de escrever um livro sobre a revolução farroupilha chamado “História Regional da Infâmia”, um livro que certamente vai provocar polêmica, e é bom que aconteça. Não me envergonho de ser um polemista, acho necessário que existam polemistas. Digamos que ser polemista é uma das minhas atividades principais.


Cronicast: Acompahamos tuas crônicas no blog, sabemos também da tua relação com a internet, o Twitter... Como é produzir para esse meio?

Juremir: É cada vez mais interessante. O Twitter é uma das melhores ferramentas, tenho usado muito nos últimos tempos. Gosto da velocidade do Twitter, da interação rápida com as pessoas. É uma coisa fabulosa porque, de repente, todo mundo é dono de um meio de comunicação. É um meio de comunicação pessoal. Antes, tinhas que ir conseguir um espaço em algum lugar, agora tens o Twitter. É muito rápido, mas a gente vai aprendendo a usar... Acho o Twitter uma das melhores invenções da era da internet. Também uso bastante meu blog no Correio do Povo, esse eu uso mais no sentido de fazer uma crônica para outro suporte, onde há muita interação com os leitores. Mas de todos, o mais divertido provocaticvo e interessante é o Twitter.


Cronicast: O que tu acreditas que a internet representará para o futuro da crônica?

Juremir: Hoje tem espaço pra todo mundo. Tu podes ser cronista sem ter de conseguir um espaço num jornal, que é cada vez mais raro e é um espaço fisicamente limitado. Tem muito mais gente escrevendo, o que permite mais “experimentações”. É possível que dessa quantidade surjam bons cronistas. O importante é essa possibilidade de todo mundo se expressar; não que todo mundo tenha a obrigação de se expressar, mas quem tiver vontade, tem espaço. Conheço, por exemplo, uma senhora que escreve uma crônica todos os dias e coloca no seu blog. Talvez ela não tenha um imenso número de leitores, tem a satisfação de escrever todos os dias e publicar seu material. Antes, muitos escreviam e guardavam seus textos para si. Hoje pode-se ter essa alegria por saber que o texto está publicado e que, de repente, alguém pode ler.


Cronicast: Tu achas que a internet pode defasar a qualidade dos textos?

Juremir: Acho que vai melhorar, pois a qualidade sempre vem da quantidade. Quanto mais gente pratica alguma coisa, maiores as probabilidades de aparecer alguém de muita qualidade. É como no futebol: quanto mais gente tem jogando, mais a possibilidade de aparecer alguém que jogue muito bem. A maioria pode ser amadora e jogar mal, mas aparecem alguns craques.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

CRONICAST - Episódio 01

  No ar, o  primeiro episódio do podcast abençoado pelo deus Chronos!

  Dhouglas, Michel, Karol e Nathalia abrem o programa com uma conversa sobre a origem da crônica, sua relação atual com o jornalismo humanista e sua função social.

  Para falar sobre o jornalismo humanizador, presente, por exemplo, nas crônicas de Eliane Brum, entrevistamos a Profª. Drª. Adriana Duval, da Unipampa, que estuda o assunto.

  Com a estreia do programa, estreia também o quadro "Crônica Falada", que apresenta um texto de nossa autoria. Neste episódio, falaremos sobre nada. Ou melhor, sobre o nada.

  E, trazendo uma interessante visão sobre o assunto, uma entrevista com Juremir Machado da Silva. Dono de um estilo próprio inconfundível, o cronista do Correio do Povo, jornalista,  professor e escritor nos mostra suas concepções, comenta sobre o uso da ironia (bastante presente em seus textos) e fala sobre o universo de Palomas, cenário de suas criações onde realidade e ficção misturam-se para criticar a sociedade.

  É só apertar o play. Bom programa! Para baixar o episódio, clique aqui.


Um texto sobre nada

  As pessoas gostam de falar sobre o que acontece.

  Mas esquecem de falar sobre o que não acontece.

  E, vivendo num país como o nosso, onde o que mais acontece é o que não acontece, é pertinente dedicar um tempo pra falar sobre nada.

  Pesquisas recentes apontam o Brasil como um dos principais da lista de países onde nada é o que mais acontece. Inúmeras autoridades e especialistas em nada confirmam que nada pode acontecer pelos próximos meses.

  E a crítica já se posiciona pra falar sobre o assunto. Os mais otimistas acreditam que o nada é bom, porque se nada contece é porque coisas ruins poderiam estar acontecendo e não estão.

  Já os pessimistas pregam que o nada não é bom, já que coisas boas poderiam estar acontecendo ao invés de nada.

  E então? Será o nada um problema à população? Você pode pensar que não é nada, mas muito pelo contrário: é nada.

  Com as eleições, muitos especulam sobre possíveis mudanças que podem acontecer no país. Mas, as autoridades e especialistas em nada já estão prevendo que, mesmo com as eleições, o mais provável é que nada continue acontecendo.

  A Câmara de Deputados havia sido informada sobre o assunto há bastante tempo. Alguns disseram que não sabiam de nada. Ou melhor, que não sabiam do nada. Por pura coincidência, esses mesmos que não sabiam de nada foram interrogados em algumas CPIs.

  Agora, adivinha o que aconteceu depois dessas CPIs?

  Pois é.

  Sabe como é política. Mesmo que algo não seja um problema, eles transformam num problema pra depois dizer que encontraram uma solução. E isso acontece principalmente com o nada.

  Por isso, os parlamentares alegaram que o nada deve ser considerado um problema e que já estão trabalhando para resolvê-lo.

  Só que, até agora, nada foi feito.


   Crônica de autoria de Dhouglas Castro que fará parte do quadro "Crônica falada" no episódio 01 do Cronicast, que vai ao ar em breve. Aguarde!

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Cronicast - apresentação

  O blog Cronicast foi criado para quem aprecia o universo da crônica. Todo o material aqui postado ou gravado como podcast é produzido pelos acadêmicos do 4º semestre de jornalismo da Universidade Federal do Pampa - Unipampa - Dhouglas Castro, Franciéle Rodrigues, Karolyn Petrucci, Michel Ferreira, Nathalia Lopes e Vanderson Caetano, para a disciplina de Laboratório de Jornalismo Digital II, ministrada pelo Prof. Me. Marco Bonito.

  Os podcasts serão disponibilizados aqui no blog e as entrevistas, postadas na íntegra. Você pode também acompanhar as novidades do blog no nosso twitter @cronicast!

  Logo, postaremos o episódio 01 de nosso podcast, que terá, entre outras abordagens, uma conversa sobre a origem da crônica e entrevista com Juremir Machado da Silva.

  Até mais!